Pandemia, liderança e influência: a política da presença como ferramenta de governança e sua repercussão em episódios de crise
Pandemic, leadership and influence: the politics of presence as a governance tool and its repercussion in crisis episodes
Palavras-chave:
influência dos governantes, política da presença, comportamento, adesão a políticas públicas, pandemiaResumo
O presente trabalho tem como objetivo avaliar as repercussões das práticas de “presença” política de governantes à efetividade de políticas públicas e seu acatamento por parte dos jurisdicionados, tomando como base a postura de líderes governamentais durante a pandemia de COVID-19, por meio de uma metodologia indutiva. Pierre Rosanvallon nomeia de “política da presença” uma forma de obtenção de legitimidade democrática por proximidade, ou seja, uma forma de que os representantes políticos sejam tidos como legítimos pela ótica dos representados por meio da aproximação – da abolição de distâncias, combatendo a percepção de afastamento entre as instâncias representativas. A política da presença consiste na prática de uma representação empática, na qual narrativas individuais cotidianas (dos representados) são inseridas na atitude do líder (representante), passando assim a compor um exemplo narrativo no qual a atitude do governante “corporifica” um conjunto de posturas político-representativas. Ainda segundo descreve Rosanvallon, essa presença do governante pode servir como símbolo das respectivas políticas públicas, pautando-as e ilustrando-as no cotidiano, mitigando seus efeitos negativos ou servindo como referencial narrativo à sua aplicação. Isso não significa que esse comportamento simbólico, por si só, baste, mas sim que essa forma de representação pode auxiliar posturas governamentais, consolidando outras práticas administrativas, reforçando uma determinação do governo por meio da presença do líder, ou suavizando sua oposição mediante uma conduta empática. A título de exemplo, um governante cujo programa habitacional envolve a diminuição do trânsito de veículos pode valer-se da política da presença utilizando transportes coletivos como ônibus e metrôs. No contexto da pandemia, um governante que se mostra preocupado com o uso de máscaras ancora nessa atitude pública as políticas de seu gabinete em relação ao enfrentamento ao coronavírus, enquanto o líder que despreza essa proteção, pode simbolizar um desinteresse pela efetivação de determinados programas envolvendo o combate à doença. O presente trabalho almeja avaliar essa influência da postura “de presença” dos governantes aos governados, por meio de uma metodologia indutiva. Para tanto, serão estabelecidos exemplos perceptíveis no comportamento de líderes políticos durante a pandemia, como forma de extrair conclusões a respeito das suas repercussões às policies adotadas pelos respectivos governos.
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Referências
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